sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Humano, demasiado humano

“313. Vaidade da língua. – Uma pessoa escondendo suas más características e vícios, ou os revelando abertamente, nos dois casos sua vaidade quer lucrar: basta ver a sutileza com que ela distingue entre aquele diante do qual esconde essas características e aquele diante do qual é cândida e sincera.”
Nietzsche

E aí? Como anda seu discernimento?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pra Você

O mundo me carrega sem ter planos
Escorrego sobre escândalos de um infeliz
Me sento entre histórias fictícias
Querendo ter essa malicia
De saber por no colo os injustos
Estúpidos, gente podre como você
De dar a cara tapa e com perdão te fazer sofrer
No nosso mundo as histórias não tem final feliz
E a minha com você vai precisar de muito mais que um triz

Eu te dei todo meu tempo e respeito
E você foi como piada em enterro
Pisando nas dores que um homem só tem quando quer ser feliz

Você se tornou a heroína das mulheres mesquinhas e rasas
Pra você eu desejo uma aventura em quadrinhos sem cor e sem capa.

Eu te dei todo meu tempo e respeito
E você foi como piada em enterro
Pisando nas dores que um homem só tem quando quer ser feliz

Momento músicas da Dedé

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

“Leva um bolinho pra casa!”

Passei o final de semana em duas festas de aniversário de família.
Nas duas festas, tanto na de um senhor comemorando seus 80 anos, quanto na de um rapazinho de 4 anos, os assuntos e sentimentos não saíram muito do mesmo contexto.
Os “debates” sobre política, a torcida frustrada para o Gabeira e para o Vasco, Fla torcendo pelo Flu no jogo de sábado, as reclamações e elogios sobre esse e aquele membro da família, saudades, abraços, preocupação dos donos das casas com a comida, bebia e bem estar dos convidados, primos crescidos, esquecimento de nomes de alguns parentes mais distantes morte de um, nascimento de outro, essas coisas.
E no meio desse: “esse é fulano, filho de sicrano”, “Beltrano vem?”, “vamos comprar mais cerveja”, “tem que ir comprar mais salgadinho”, “só te vejo em aniversário ou enterro”, “já está namorando?”, “parou de fumar?” e outros, percebi a felicidade de todos, no reencontro com seus familiares e agregados. Por mais que sempre tenha aquele chato de carteirinha, a energia que se acumula em festa de família é única, alimentada por gargalhadas e alfinetadas descompromissadas, que te faz sentir de alguma forma protegido. Por mais que você não se considere uma pessoa
“família” como eu. Até me peguei, algumas vezes, estampando um sorriso meio bobo só de ver a turma toda reunida.
Enfim, só sei que é o único evento onde me divirto com os papos “nada com coisa nenhuma”, a comida é sempre boa e o café da manhã do dia seguinte é garantido.

Desculpem-me o texto meio doido.
È ressaca de kibe, brigadeiro e churrasco.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Para cada vista um ponto.

Todos já ouviram a frase: ”Depende do ponto de vista.”. Em diversas situações, para diferenciar o feio do bonito ou certo do errado, e assim por diante.
Gostamos de ter opiniões e desejamos que elas sejam ouvidas, elogiadas, algumas vezes até contrariadas, contanto que nos dêem atenção, que ouçam e estendam nosso ponto de vista.
Mas tudo na vida tem mais de um lado, existem pontos positivos e negativos em quaisquer situações, e aí, onde estará o seu ponto de vista? Onde suas experiências o levarão e o que lhe farão pensar? Estará você sentado com vista pra o sol ou para a lua, para a luz ou para escuridão?
Pensando sobre isso, tentei encontrar a razão das opiniões e quase tive medo de tê-las. Será que a minha visão do mundo é suficiente para que eu tenha opiniões sinceras e justas?
As opiniões regem nosso mundo e como vivemos, e eu comecei a me preocupar com quem está dando opinião na minha vida, no mundo em que vivo.
No século XV, os opinantes responsáveis iniciaram a Caça as Bruxas, e me parece que só as próprias não achavam isso correto. Temos aí dois pontos de vista.
Não sei se estamos mais para “Bruxas” ou “Clero”, já que as conveniências nos transformam sem nos darmos conta.

Mas esse é só o meu ponto de vista.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O que te define?

Ao longo da vida, nós nos deparamos com diversas bifurcações, escolhas importantes que devemos tomar, escolhas que vão definindo nosso futuro, nossa personalidade e dignidade.

O diretor de cinema Fernando Meireles levantou uma questão muito interessante, às “meninas” do programa Saia Justa do GNT, inspirada no tema de seu último filme “Ensaio sobre a cegueira”, do português José Saramago.

Resumindo muito rapidamente, no filme a população está sendo atingida por determinada coisa que as está deixando cegas, literalmente.

E a questão é: Você está cego e sendo levado para um abrigo para juntar-se aos outros cegos infectados. No local há duas possibilidades, duas escolhas.
A) Ir para a sala 1, comandada por um camarada bom caráter, que tenta de maneira justa distribuir comida para todos, mas como a sala está lotada muitos estão com fome.

B) Ir para a sala 3, comandada por um mal caráter arrogante, que rouba comida dos outros para dar ao seu grupo.

Qual você escolheria?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O efeito Consta.

Desculpem-me, mas Consta recusa-se a ter sua história contada em um blog.
Os curisos terão que esperar o livro, com mais detalhes de suas experiências, ser totalmente terminado. Espero sinceramente que não demore muito.

Paciência irmãos.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Rec, Pause, Delete

Depois de ceder a um princípio básico, que sigo em respeito a minha sanidade, de não assistir filmes de terror, suspense ou coisa que o valha, passei uma das piores noites da minha vida. E manhã também.


Nossas ações e reações do dia a dia devem-se ao nosso humor. E as pessoas utilizam diversos artifícios para passar o dia ou enfrentar uma situação específica. Fazem orações, dão bom dia ao dia, ouvem uma música contagiante, fazem ioga enfim, cada um tem sua maneira de encarar as coisas. Eu, vivo em filmes.

Quando estou passando por um momento adverso, na verdade em qualquer momento, escolho uma categoria de filmes, que não foge muito da comédia ou drama, e administro as situações que enfrento de acordo com o que seria digno para um roteiro para determinada classificação.
Minhas ações e os acontecimentos começam a seguir de acordo com o “filme”, e qualquer coisa que fuja do “script” eu, como diretora e atriz, tenho total liberdade e responsabilidade de colocá-lo nos eixos novamente. É uma falsa sensação de comando da própria vida que me dá conforto.

Depois que comecei a fazer isso minha vida ficou bem mais divertida. Às vezes, quando estou aos prantos, sofrendo, rolando na sarjeta de paixão, inconscientemente retomo um pouco a lucidez e me vejo naquela situação. Imediatamente entro numa crise histérica de riso absurda, só de me ver como personagem ativo daquela cena ridícula. Pode parecer doido, mas é ótimo. Recupero-me instantaneamente.

Pois bem, para manter este hábito ativo e sadio, procuro não assistir filmes ou histórias em qualquer veículo, que causem medo, agonia, coisas negativas no geral. Mas... Infelizmente segui a recomendação de uma amiga, Sra. Fabiana Tavares, e passei 85 minutos sofrendo consecutivas contrações musculares e sessões de taquicardia. Encolhi-me tanto na parede, que quando sai quase pude ver a forma do meu corpo gravado nela.
Enfim, estou tento que me imaginar numa super comédia, vivendo uma personagem muito influenciável emocionalmente, que viu um filme chamado “Rec.” E para tentar superar o trauma descreve sua experiência em seu blog, tentando a cura pela exteriorização.

sábado, 11 de outubro de 2008

Consta deu chilique.

Queridos,

Constantina ficou muito brava comigo, quando soube que eu estava publicando no blog sua história.
Quem quiser saber o que acontece vai ter que esperar um pouquinho, até eu conseguir convencê-la de que não tem problema revelar sua vida, já que ela já está morta mesmo.

Até mais.

domingo, 5 de outubro de 2008

Inconstante Constantina - Parte II

Parte II

Depois de se mudar para o sítio com seu marido, cachorro e um casal de chinchilas, Constantina imaginava ter resolvido seus problemas sonoros. A primeira semana foi bem promissora. Acordava, tomava café na varanda apreciando o verde e alguns micos e passarinhos que já moravam lá antes dela chegar, lia o jornal e até conseguiu terminar o esquema de um de seus projetos literários.
Árvores simetricamente plantadas perto dos muros, dois metros e meio de distância uma da outra, formavam um imenso cinturão de mangueiras de todas as espécies em volta do terreno. Um lindo jardim de folhagens contornava um pequeno lago artificial localizado ao lado esquerdo da casa branca cheia de janelas, que ficava no centro da chácara.
O cachorro corria belo e formoso pelo jardim, e não necessitava ser levado para passear e resolver seu esvaziamento intestinal. As chinchilas continuavam na gaiola e Constantina feliz, esperava o marido voltar do trabalho.
Ótimo não é? Pois é. Ela achou também.
Passaram-se oito dias e meio até Constantina começar a não gostar tanto assim do lindo “Sítio Canto Pires“. Exatamente ao meio dia do nono dia alguns aspectos (e não espectros) negativos chamaram sua atenção.
Não tinha dado muita importância antes, mas todos os dias mais ou menos naquele mesmo horário ela sentia uma leve e constante dor de cabeça, que se arrastava até as quatro horas da tarde. Constatando a assiduidade do incômodo, procurou saber o motivo. Verificou se deixara o gás ligado após fazer o café, apertou os ossos da face para diagnosticar uma provável sinusite, tomou remédio para o fígado, até limpou os óculos caso estivessem sujos fazendo-a forçar a vista, mas não era nada disso.Com a busca pela causa misteriosa, a pequena dor de cabeça de Constantina transformara-se em uma bruta enxaqueca. Já pessimista foi até o quintal, procurar lá um motivo já que dentro da casa não obtivera sucesso. Gostaria de descrever quão pior, esta iniciativa foi para sanidade mental de Tina. Uma imensurável rajada de luz solar entrou pelos seus olhos desprotegidos e acostumados ao escurinho do interior da casa. Imediatamente Constantina viu o anjo da loucura vindo em sua direção e arrastando-a para o hospício.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Incostante Constantina

Mais um dia na vida de Constantina.
Acorda, liga o computador, lê o jornal online com um grande copo de 500ml ao lado direito, um cigarro no cinzeiro do lado esquerdo e os óculos para miopia enfeitando a cabeça como um arco.

São 10:50 de uma manhã quase tarde, hora em que sua mente deveria estar concentrada em conceber soluções criativas para um novo projeto que não anda muito bem das pernas.

Mas, toda sua atenção é roubada a cada dois segundos pelos sons, infernalmente sincronizados de britadeiras e cerras elétricas, que entram pelas janelas de seu apartamento, localizado num bairro muito tranqüilo do Rio de Janeiro. Apartamento este, que quando alugou foi diante da promessa do locador de só ouvir um som. Nenhum.

Pois bem, diante da algazarra das máquinas em sua Have do meio-dia, Tina, carinhosamente chamada por seu marido, rendeu-se ao mau humor e à cefaléia. Seu projeto já estava pior do quando começou a concertá-lo, o café acabado e cinco maços de cigarros ainda fechados em cima da escrivaninha, herdada de sua avó Consuelo.

Recostou-se em sua cadeira de palha, que fazia um barulho inconfundível de velhice, fechou os olhos e imaginou-se num lindo sítio tranqüilo e silencioso. E de repente já estava resolvido, na mesma semana mudou-se para lá. Mas o que considerava impossível aconteceu.